Instando Absolvição

Falemos da experiência ou da falta de tato e comiseração nas pequenas ambiências, moradias adiadas por um sentido obliterado dos termos, palavras vãs, cascatas, supremos gostos, validades, fulgores, risos de deuses bem dispostos, chuva, na maioria das vezes, apodrecendo os sentidos, mastigação do riso por cada um dos intervalos.

O Sentimento de Culpa, José Maria de Aguiar Carreiro

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Fireworks

31 de ago. de 2010



Os fogos de artifício se entenderam no horizonte prolongando sua jornada e então causando um barulho estrondoso e se multiplicando em milhões de faíscas que atravessavam o vento e provocavam uma imagem extremamente bonita.
A música era aquela para ele, a única que o torturava assim como ela o torturou. Ele mirou pelo canto de seus olhos e a viu parada ali. Não importava mais e os dois sabiam disso. Ele se tornara apenas um daqueles milhões de faíscas que provocavam uma vida incômoda para ela. Ele percebeu.
Percebeu que era hora de libertá-la. Pois mesmo depois daquele barulho ensurdecedor e aquela bela imagem, os fogos de artifício não o incomodavam mais.
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Singularity - Day Two

E assim veio o segundo dia, após passar um bom tempo intacto na poltrona do escritório do meu apartamento no primeiro, o pensamento que sempre se encadeava ao mesmo motivo me tentava levar à loucura. A monotonia se preenchia de novo em minha singularidade e esta ali. Ela estava se reerguendo. O maço de cigarros no braço da poltrona me acompanhava. Talvez como um combustível, já que eu não fazia questão de abastecer a geladeira.
Levei o cigarro que se encontrava no meio dos meus dois dedos à boca em um movimento que não mais parecia ser de um eloqüente. Tudo porque quando eu comecei, eu soube que aquilo ia me matar e eu não ligava, o cigarro me ajudava a refletir, refletir sobre ela.
Aquela sensação prazerosa se assemelhava a ela. Ela tomava conta de mim por mais que eu odiasse admitir. Naquele momento ela pertencia a mim, eu fixei isso em minha mente naquele segundo dia. Pois com minha singularidade reconstituída eu sentia a necessidade de ir até lá para afetá-la novamente. Era um vício, talvez o único que eu me arrependia de ter, mas sem dúvidas era o que me provocava mais prazer.
Estava particularmente frio naquele dia, uma virada extrema de temperatura, eu gostava disso. Dava-me uma sensação de conforto interno, pois o frio sempre se resumia a mim. Hiver, meu sobrenome, significava Inverno em francês. O sangue frio corria em minhas veias.
Mas teve algo que me incomodou enquanto eu andava em rumo à cafeteria, pela primeira vez, a sensação de frio não me parecia confortável. E a partir do momento em que o frio já não me é confortável eu perco qualquer certeza que eu posso ter sobre minha definição. Eu me sentia com frio, desprotegido.
Era isso que martelava em minha cabeça enquanto eu virava para o próximo quarteirão, as ruas não possuíam muitas pessoas, nunca possuíram, mas no frio ninguém aparece. No frio, os singulares não são os que ficam em casa e sim os que saem.
E com essa certeza, a próxima cena seguiu tão coerente. Enquanto andava observei um dos vários becos das ruas e eu tive algo que depois descobri não ser alucinação. Eu vi aquele corpo frágil e pálido que sempre passava sinal de insegurança. Ela não estava sozinha, outro corpo estava ali, muito maior que o seu. Um homem alto e bem mais velho que ela, deveria ter uns quarenta e poucos anos. Cabelos ruivos, cor de fogo.
Ele gritava com ela em alto tom, mas de modo com que a conversa só ficasse entre os dois. Eu estava a uns dez metros de onde tudo acontecia. Era o beco perto do estacionamento de uma conveniência. Ele a pressionava contra um dos carros apontando o dedo sujo em sua cara que estava rosada. Ela segurava o choro, eu conhecia aquela expressão porque tantas vezes eu fui a causa dela. Aquelas duas amêndoas inchadas, o lábio inferior muito mais vermelho do que o normal mordido pelos dentes.
Senti nojo. Não dela. Dele. Por fazer isso com a minha menina. Eu era o único que a deixava daquele jeito e ponto final.
Ele se afastou enquanto ela fechou os punhos e caiu sentada no chão, fingi que era apenas mais um ali e ele passou por mim rapidamente exalando um cheiro de álcool no ar. Voltei meus olhos a ela. Eu poderia ir lá. Eu precisava ir lá. Porque eu tinha que cometer aquele novamente, pois aquela maldita idéia não havia saído da minha cabeça e eu não me importaria de me arrepender quando já estiver lá, mas eu não a deixaria.
Então posso dizer que sou e não sou culpado de sua miséria. Eu a salvei, daquela vez, pois os segundos em que meu olhar se submeteu a um abraço no olhar dela tudo se tornou obsessão. E talvez toda a obsessão se tornou correspondia. E tudo isso se tornou plural. E o singular não era mais ela.
E passamos o dia ali, me sentei ao lado dela sem dizer nada novamente. Sei que ela notou minha presença e fez questão de me agradecer com um leve sorriso por trás de algumas lágrimas. E eu a toquei. Percorri meus dedos grossos e secos pela pele pura e macia de sua inocência.
Percorri toda a linha de sua bochecha, seu queixo e seu pescoço. Voltando e iniciando até que na quinta vez afaguei seus cabelos macios enquanto limpava suas lágrimas com minha outra mão.
Eu sentia uma leve hesitação nela, mas não era nada que ela pudesse emitir com os lábios. E o mesmo percorria em mim. Era calor. E mesmo que eu odiasse calor, naquele segundo dia me acostumei a ele porque no final uma palavra bastou para meu fluxo de prazer:
“Obrigado, Hiver.”
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Singularity - Day One

30 de ago. de 2010

A angústia estava presa em seus olhos enquanto aquelas duas grandes amêndoas despejavam lágrimas solitárias procurando por ajuda. Eu estava ali, senhores. E eu não era capaz de fazer qualquer movimento para mudar a situação, não apenas pela dor na juntura de meus ossos e a ardência dos meus músculos, era porque eu era fraco. Fraco o suficiente para não abrir mão de meu orgulho por ela. Mas eu não o faria hoje ou amanhã. Não, senhores, chamem-me de covarde, mas eu simplesmente não o faria.
Eu tinha mil e um motivos e cento e vinte horas que me levariam a abraçá-la e tirá-la dali, dizer que está tudo bem e sentir seu calor contra minha pele gelada. Mas eu havia menos de dez motivos que me afetavam diretamente para não fazê-lo e talvez eu provocaria o pior erro de minha vida, admito que fiquei em transe durante todo o momento em que a vi clamando por meu nome.
Preciso começar de onde tudo nos levou. Nos: Pronome pessoal oblíquo da primeira pessoa do plural. Plural. Talvez, essa poderia ser a palavra mais certa e a mais errada para definir o começo. Talvez, por sermos tão singulares que se nos juntássemos o plural fizesse sentido afinal. E tudo porque obsessão, senhores, não é tão singular quanto aparenta.
A cinco dias do momento onde parei a poucas linhas é onde eu defino essa estreita linha entre o começo e o fim. Eu a havia visto tantas vezes durante minha vida que sua presença, para mim, nunca foi nada além de incômoda, quando a notava. Mas a quase exatas cento e vinte horas, de tão preso ao meu mundo me tornei parte do dela.
Ela estava ali, apoiada na mesa da cafeteria, o queixo apoiado em sua mão esquerda, a pele branca – mas não tão branca quanto a minha – dava impressão que era feita de veludo, os cachos castanho-escuros presos em um coque mal feito, sua boca naturalmente avermelhada sendo a cada minuto, mordida por seu dente quase perfeito e os olhos por trás dos seus óculos que pareciam duas grandes e fartas amêndoas em uma véspera de natal. Ela parecia encarar o nada, ela estava ali, em seu mundo, o que eu faria se naquele dia não procurasse por algo menos monótono. Eu desejaria ter continuado em minha monotonia.
Meu ódio por ela não era centrado por algo que ela fizera, sua inocência me enojava. Mas de algum modo, por alguns segundos – devo dizer –, meu desejo não foi de jogar uma nota de dez libras no balcão e sair. E então eu segui para mais uma das ações da qual me arrependi. Levantei-me, não com o intuito de ir, e meus, amaldiçoados sejam, pés seguiram até a mesa onde ela estará sentada. E isso foi um erro. Pois ao me colocar de frente a ela quebrei toda a singularidade que tínhamos e que ela nunca iria notar em mim, pois ela era inocente demais para isto. Vi os poucos raios de sol iluminar seus cachos e ela não mencionou dizer nada, apenas insinuou um leve sorriso com o canto dos lábios.
Aquele silêncio talvez foi nossa melhor conversa, pois foi dele que me aproveitei dias anteriores, observando-a, explorando sua singularidade e se esquecendo da minha. Pois eu notei que no final do dia ela voltava para casa. E era isso. O silêncio abastecia o meu dia por olhares cautelosos dela para seu livro ou para o horizonte até o anoitecer, onde ela fazia seu caminho para sua casa, onde, cria eu, ela sentia todo o afeto do qual não se apoderava o meu silêncio.
E tudo isso parecia um motivo para eu ir até ela e sentar-se ao seu lado naquele maldito dia de outono. Pois agora, não só a minha, mas a singularidade dela fora quebrada. Pelo plural. Pela minha obsessão.
Não precisávamos trocar muitas palavras, eu apenas tentava ler sua mente através de seus olhos, sim, aquelas bolotas que guardavam sua singularidade e que não pretendiam perdê-la tão cedo. Creio que agora os senhores entendam do que disse ao começo. O desejo revelado em sua singularidade era o que eu queria explorar e o silêncio ajudou nos primeiros momentos, mas em alguma hora eu seria obrigado a pronunciar. E este momento eu temi de ter deixado para ela.

“Por que estás aqui?” Ela perguntou com sua voz doce, mas que escondia o percentual de ódio que ela possuía por minha pessoa por momentos passados. Ela me ignorou, sempre, e eu, não algumas e sim muitas vezes, tirei vantagem de sua peculiaridade. E nossa comunicação anteriormente se baseava em ofensas. E quando ela as respondia é como se eu alimentasse um pouco do meu prazer pelo ódio.
Mas aquele momento em que nossa comunicação mudou de nível era como se eu não conseguisse me comunicar. Demorei a achar palavras em minha cabeça que descreviam o motivo de estar ali. A razão que antes parecia clara o suficiente agora se desvairava com os todos os outros motivos inúteis que eu tinha para não estar lá.
“Eu gostaria de pedir desculpas.” Menti. Essa era minha regra para não ter o que dizer, eu apenas mentia. Eu nunca me arrependi de uma palavra que disse a ela até aquele momento, mas este momento parecia tão oportuno que eu não teria mais o que dizer. Ela franziu o cenho, eu levantei a sobrancelha, movimentos sincronizados. Ela estava surpresa e eu tentei tornar aquilo menos constrangedor. Eu poderia ter me levantado naquele momento ou apenas proferido mais uma ofensa, pois assim teríamos nossa comunicação novamente. Mas não. E eu pude ver em sua singularidade que ela pode notar o pouco do plural que a havia afetado.
“E o que lhe leva a pensar que eu as aceitaria?” Perguntou ela. Por um momento olhei para o meu reflexo no vidro de sua xícara vazia de café e percebi que a partir do momento que eu comecei a observá-la todos os dias perdi minha singularidade. Ela não estava mais ali, não visível aos meus olhos, mas ela não tinha o feito por mal. E então fiz o que tinha adiado, levantei-me tentando não me deparar com os olhos que se surpreenderam com tudo aquilo.
“Como quiser, Garotinha do Papai” E foi assim que eu voltei à nossa comunicação, da qual me arrependera de ter rompido. Não a observei antes de sair, apenas deixei as libras no balcão e saí. Mas isso não já fazia diferença, pois naquela hora eu brotei algo que analisando-a mais tarde pude perceber. Ela estava arrependida. Porque sua inocência tornava seu ódio em arrependimento e esse, era seu pior defeito.
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Hyperthermia



"- Talvez você esteja com frio – ouvi a voz rouca de atrás de mim e pressionei fortemente meus olhos, a fim de orientar-me.
Ele alcançou-me o casaco e eu o vesti sem o fitá-lo. Voltei a me escorar na grade e observei imitar-me. Entretanto, o envelope em suas mãos chamou-me atenção. Inclinei-me em sua direção e observei o riso pendente sobre seus lábios em direção às fotos que mais cedo Sean havia me entregado.
- Não, não – falou sorridente e riu pelo nariz em seguida – Você é safadinha. E dizer que aquela noite eu deixei tudo isso escapar – ele falou segurando a foto e passando o polegar sobre minha imagem.
Me senti enjoada e cruzei os braços fortemente sobre meu corpo.
- Você é doente – eu disse com a voz fraca e riu.
- Eu? Tem certeza? A única doente aqui é você. Eu gostaria de não dizer-lhe todas essas coisas. Mas é simplesmente engraçado ver a forma como tenta fugir e acaba fazendo as coisas mais erradas ainda. Você se preocupa com as pessoas ao seu redor, mas a quem mais está machucando é você mesma – ele disse sério e eu observei o brilho carinhoso em seus olhos e senti saudade do calor de seu corpo e do sorriso singelo – Você é a doente aqui.
- Você não precisa jogar isso na minha cara, sabe – suspirei derrotada e senti o corpo de atrás do meu, à medida que suas mãos passavam por cima dos meus ombros.
- Para qualquer doença há um médico, – ele riu e eu me permiti sorrir enviesado, observando nosso turvo reflexo no rio por um longo instante, em silêncio.
- E você poderia me dar o diagnóstico, doutor? - eu falei algum tempo depois, abalada.
- Bem, eu tenho observado – ele disse e suas mãos entraram por dentro de meu sobretudo e acariciaram minha barriga por cima do vestido – Longe de mim, você é tão fria... Tão apagada. E perto, é como um raio de sol. Nós temos um problemão.
- Por que, Doutor?
- Extremos casos de temperatura. Longe de mim, hipotermia. Perto, hipertermia.
- Eu vou ter que lidar com uma das duas – disse, dando de ombros e sorriu contra a pele nua de meu pescoço.
- E qual você prefere?
- O calor. Sempre o calor – disse e me virei para grudar nossos lábios num beijo saudoso e ardente. Hipertérmico. "

***

Hyperthermia é uma das (senão a) minha fic preferida, então resolvi postar uma parte dela para vocês vale a pena ler. Mas lembrando que tem muuuuuitas cenas hm... inapropriadas para dizer nesse horário. Mas quem quiser (e tiver mais de 18 haha):
http://fanficobsession.com.br/fictions/hyperthermia.html
Obs: Ela é interativa.
Não é minha! Todos os direitos reservados a autora Ana Vedrod. E a capa também não fui eu que fiz.
E ah! Depois faço um edit com a resenha dela...
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A hotel called pain

25 de ago. de 2010


In the middle of the road
It’s midnight
The demons are out to play
I should be hungry
But I don’t feel this way

Half way nowhere and I
Finally stopped to rest
I must be thinking about forget the past
But I rested too much
And as closer as the night was
The floor would bring all down
So it happened again
And realize I would make a stand
In a hotel called pain
A hotel called pain

So I got I pen
And wrote down
Every single lie
Every motive, every reason
For my mind to die
And I found nothing
Nothing at all
So I tried to pretend
That in my phone there were no calls

In a hotel called pain
A hotel called pain x2

One year of night in Hotel of Pain
And so much used with the knocking everyday
I think of hunting again
The demons of my mind

In a hotel called pain
A hotel called pain x2

Oh, Lonely and scary road
Don’t you bring me down
Happiness and pain
Won’t be around
In my fences of skin and bones
Sometimes is so much harder in my throat

And you know it that is something wrong
When you start to feel comfortable
In a hotel called pain

Now I realize I made a stand
In a hotel called pain
A hotel called pain

***

Musiquinha que eu fiz esses dias... Quero ver se arranjo um bom ritmo pra ela no piano e depois no violão eu pesso para alguém...
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Falling in Love

20 de ago. de 2010

O telefone parece cada vez mais atrativo. Os meses passaram lentos e torturantes e então era Agosto e a chuva batia contra a janela. A angústia toma conta enquanto pensar em outra coisa parece ser o ceto no momento. Um ano e meio. E você realmente pensou que aquilo não mais te incomodava, por puro narcisismo.
Você não o amou. Mas deveria ter aguentado, não deveria ter desistido ou saído de perto. Ele valia a pena, ao menos.
As últimas palavras ainda eram claras e você sabe que nào deveria ter dito tudo aquilo mas não importa mais. Você precisa dele. E isso te incomoda, mais do que o telefone sem tocar durante todo aquele tempo.
Você não tem a mínima ideia do quê vai dizer quando ouvir alguma palavra, mas você ainda se sente arrependida. Você desejaria ter realmente se apaixonado.
Então você não aguenta mais uma noite sozinha, respira fundo e pega o telefone. Silêncio. Mas depois ele disse:
"We could've falling in love"
E isso é tudo. Duas mentes vagando por aí, se arrependendo de algo que não fizeram. De algo incontrolável.
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All About You

17 de ago. de 2010



“O que houve?”
Perguntei virando para ela quando ouvi um suspiro longo. Ela estava ali, sentada em cima do balcão. O rosto naturalmente pálido e as bochechas levemente rosadas, as madeixas castanhas caindo em seus ombros em ondulações, seus olhos azuis cheios de tristeza e sua boca, aquele meio tempo entre grosso e fino que era mais avermelhado que o normal. E ela estava ali, ela definitivamente estava ali.
“Nada. Apenas... Essa música.” Ela murmurou com sua voz delicada e aveludada enquanto fazia uma leve força para descer do balcão. Terminei de secar a louça e lavei as mãos, estava tão distraído com seus olhos que não ouvi que o rádio soava baixinho All about you. Fiz um sinal de interrogação com minha testa como se perguntasse o que tinha aquela música, ela pareceu esboçar um leve sorriso no canto da boca por minha curiosidade.
“Traz-me de volta a alguns momentos.” Ela disse e nós passamos um bom tempo em silêncio. O refrão chegou e ela começou a cantarolar.
“And I would answer all your wishes if you ask me to but if you'd deny me one of your kisses, don't know what I'd do...” A surpreendi e ela virou-se para mim com uma expressão nova em seu rosto. Suas covinhas – aquelas malditas curvinhas em suas bochechas que me faziam rir como um bobo – se destacaram e seus olhos azuis ficaram estreitos. Levantei minha mão para que ela dançasse comigo, mas ainda sorrindo ela balançou a cabeça em negação. Fiz uma cara de quem havia ficado triste e comecei a fazer mímicas conforme a letra da música.
“So hold me close and say three words like you used to do”
“Dancing on the kitchen tiles, it’s all about you” Disse e ela finalmente se rendeu levando sua mão até a minha e dançando no ritmo da música. Sussurrava em seu ouvido enquanto sentia seus pêlos da nuca eriçarem. Naquele momento, era tudo sobre ela.

***

Primeiro: É a coisa mais fluffy que eu já escrevi. Não esperem nada disso nunca mais, estou surtada...
Segundo: Confesso... Escrevi cada linha pensando no Fletcher mas enfim ushauhsuahs estou com probleminha
Terceiro: Vou me internar por ter escrito uma coisa tão... sei lá.
Quarto: Se o We Heart It der mais um probleminha eu vou entrar em depressão... (Obs: Fotinho de Across the Universe)
Último: Vou finalmente fazer as aulas de baixo que eu queria o// Aprendiz de Dougie Poynter...
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You Found Me

Por Mariana 'Scuse' Travain

Andas sozinho com a neblina cobrindo até a altura de teus ombros, tua pele está amedrontada através do vento gelado. Refrigério é tudo que não te preenche, calmaria é tudo em volta de ti. Estás sozinho e isso é tudo. A figura abstrata do homem fumando o último cigarro que te vem à mente é tão real quanto a neblina em sua volta, mas estás sozinho. E isso é tudo. Esquina da Primeira com a Amistad.

Apenas admite que as incertezas são as únicas certezas que tens da vida. O que pensavas ser real era irreal e o momento que se segue parece tão irreal que sua mente o trata como real. E aquele abstrato ao teu lado era apenas mais uma de tuas distantes incertezas. E em um sopro você o pergunta em uma voz fraca, tomada por medo e insegurança, onde Ele esteve todo este tempo.

Os últimos dias, que não sabes se são muitos ou não, perdestes toda tua noção de tempo. Inconscientemente alguma vez indagou-se sobre Ele. E muitas respostas vieram à tua cabeça. Muitas. E agora não sabes qual dela cabe ao homem com o cigarro na mão, nada que pensastes, nada que ouvistes, nada que sentistes, nada que visses.

Nada que ouvistes.

— Pergunte-me qualquer coisa.

E Ele se pronunciou. Nada que ouvistes. Não era voz, não era o que esperavas, se é que esperavas algo. Não és um homem de fé, não és nada mais que mais um ser humano. E sabes disso através de tua voz. Ela não ecoa em teu interior, em tua alma como todos dizem. E a dúvida paira em tua cabeça.

E apenas perguntou onde Ele esteve quando tudo desmoronou em tua cabeça. E esperavas por milhões de respostas e não achavas nada. Todos os dias gastos ao telefone, que nunca tocou e nunca veio até a esquina da Primeira com a Amistad.

Todos os momentos em quais você se indagou e orastes tantas e tantas vezes em busca de respostas e tudo que vinhas era uma acusação. Onde Ele estava nos últimos momentos de “Adeus”? Ele estava escondido em tua palavra? Nada o fizera ter prazer em dizê-la. E o nada era o que mais motivava cada “Adeus”.

Logo no meio de tantas despedidas vistes teu corpo perdido vagando pelas estreitas e movimentadas ruas de tua mente. E toda a eloqüência te movia, apenas por não seres eloqüente. Primeiro o abandono de duas pessoas, que logo se tornaram três e assim se seguiram. Todas muito eloqüentes em suas despedidas. E você ali perdido, sem palavras.

— Me encontrastes, perdido e inseguro, deitado no frio chão, rodeado. Por que tiveras de esperar? Onde estavas?! — E uma falha soa em tua voz, abaixando significadamente teu tom — Me encontrastes, mas um pouco tarde demais.

E a insegurança de tua palavra vaia com tua incerteza. Não há resposta. Não há mais nada n’Ele além do movimento que levava o cigarro até a boca. Seus olhos se perdem no negro nas extremidades, mas a luz do azul vibrante, do verde da cor das águas, do castanho dos troncos velhos, do vermelho do sacrifício.

E Ele repete em tua mente. Não és um homem de fé. Não és nada mais que um ser humano. E isso para ti não é tudo. Milhões de dúvidas ainda pairam em tua cabeça. És muito menos que uma incerteza, és um ser humano. Para Ele isso é tudo. Para ti isso fora nada. Nada até de tuas convicções tirarem a dúvida e o escrito em um livro velho se tornar incerteza.

Ele estava ali para acabar com todas tuas incertezas. Mas era tarde demais. Todas as despedidas já haviam sido pronunciadas, todas as incertezas sanadas. E o que era incerteza agora era negação. E isso se passou a ser tudo. Mentira passou a ser tudo.

Erros passaram a ser vossos dilemas e não vos arrependestes qualquer segundo.

Em tua mente, o final parecia claro para cada vida. Elas nascem, passam um tempo neste cenário de dementes, segundo Shakespeare, e morrem. E isso é tudo. Esta é a maneira como encaras a vida e isto não o incomoda de qualquer jeito. Pois ainda há bilhões de pessoas como você. E você é apenas um ser humano. Logo, vocês estão ali frente a frente, o médico e o monstro.

E você perdera tudo. Tudo que um dia, mesmo que não fosse material, te pertencera. Toda a pele macia que podias acariciar à noite se desvanecera. E não sabes mais quem és. Não sabes quem não és. Não sabes o que quer ser. Não há como saber o tempo em que ela ficará ao teu lado.

Ele te achou, mas um pouco tarde demais.

Nota final: Não é apologia a qualquer coisa, apenas uma hipótese de um encontro que veio à minha cabeça que é basicamente a música homônima do The Fray.
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Sobre cativar... - parte 2

4 de ago. de 2010

Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.


A raposa disse ao Pequeno Príncipe esta frase. Não me atrevo a discordar de Antoine de Saint-Exupéry. Notem que a palavra amor ou derivados é usada apenas uma vez nesse texto. "E eu amarei o barulho do vento do trigo". Você vê alguma diferença? Não.
Segundo o aurélio:
Amar: 1 Ter amor, afeição, ternura por, querer bem a. 2 Apreciar muito, estimar, gostar de. 3 Fazer amor; copular.
Cativar: 1 Tornar(-se) cativo; prender(-se). 2 Granjear a estima ou simpatia de. 3 Atrair; encantar, seduzir. 4 Tornar muito agradecido. 5 Enamorar-se.
Para mim, amor é sinônimo de obsessão. Mas eu digo, não apenas o amor entre dois sexos opostos (ou quem sabe do mesmo sexo), vocês me entenderam. Você não ama uma pessoa se você não se tornar obcecada por ela.
O parágrafo em que tem a frase mais acima é esse:

"O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo..."
A raposa dá como exemplo um simples caso obsessivo segundo os meus parâmetros, pois quando você lembra-se de alguém por uma coisa completamente ordinária você não está entre a normalidade. Mas eu não posso usar a palavra normalidade pois 90% das pessoas sentem-se desse jeito, para nós é tão natural.
Eu tenho uma teoria. Você sente que possui responsabilidade por aquilo que cativas assim que o fere, pois naquele momento você fere à si mesmo, pois apesar de sermos seres individualistas, aquilo machuca nosso ego. Quando você fere alguém, você fere o que ela superestimava em ti ( e ela o fez porque, acreditem, o ser humano inconcientemente vê deleite em sofrer). Tudo porque você se sente responsável por si mesmo e é como deve ser em sua mente, mas você não sabe que você não é tão formado da indiferença das pessoas como eu disse, você precisa de alguém que aumente seu ego e que você possa ferir, pois você tem necessidade dessas duas coisas, você é um ser humano. Logo, cativar está entre suas necessidades, você não vive sem ter quem cative e nem quem se possa assumir responsabilidade e que se torne responsável por ti. Capisce?
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Sobre cativar...


"- Vem brincar comigo, propôs o princípe, estou tão triste...

- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa.
Não me cativaram ainda.

- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- O que quer dizer cativar ?

- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?

- Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa.
Significa criar laços...

- Criar laços?

- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos.
E eu não tenho necessidade de ti.
E tu não tens necessidade de mim.
Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo... Mas a raposa voltou a sua idéia:
- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música.
E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...

A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela.

- Bem quisera, disse o principe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.

- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me!
Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"

O Pequeno Príncipe, Antoine de Saint-Exupéry

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You can't start a fire...


You can't start a fire without a spark, this gun's for hire, even if we're just dancing in the dark.

I get up in the evening
and I ain't got nothing to say
I come home in the morning
I go to bed feeling the same way
I ain't nothing but tired
I'm just tired and bored with myself
Hey there baby, I could use just a little help

Message keeps getting clearer
radio's on and I'm moving 'round the place
I check my look in the mirror
I wanna change my clothes, my hair, my face
Man I ain't getting nowhere
I'm just living in a dump like this
There's something happening somewhere
baby I just know that there is

You sit around getting older
there's a joke here somewhere and it's on me
I'll shake this world off my shoulders
come on baby this laugh's on me

Stay on the streets of this town
and they'll be carving you up alright
They say you gotta stay hungry
hey baby I'm just about starving tonight
I'm dying for action
I'm sick of sitting 'round here trying to write this book

I need a love reaction
come on now baby gimme just one look

You can't start a fire
you can't start a fire without a spark
This gun's for hire
Even if we're just dancing in the dark
You can't start a fire worrying about your little world falling apart
This gun's for hire
Even if we're just dancing in the dark.

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A Outra Face dos Anjos

2 de ago. de 2010



Em seu leito inocente,
Ao avistar na nascente,
Cabelos encaracolados ao luar
Como se ali fosse seu eterno lugar.

E a água batendo em seus pés,
Em meio de breves orações,
Rezando com lamentações.
De alma pura e limpa,
Coitado é aquele não sinta
A beleza do seu amar
E de sua voz de veludo que reza sem cessar.

Estrelas lindas no céu,
Suas companheiras de luar.
E além do véu
Nenhuma tristeza elas irão encontrar.

Mas na outra face dos anjos
Todos irão procurar,
Mas apenas os que os vêem
Irão se admirar
Com a tristeza nos olhos
Mas a vontade de ajudar

Por Mariana 'Scuse' Travain


***

Hey! Essa poesia, na verdade, é usada como uma inspiração para um projeto de pseudolivro homônimo que se passa na segunda guerra (também, uhulles o/). Hm, queria dizer também que estou com um projeto novo que, na verdade, não é exatamente um livro. Se chama She might not make it home tonight (usem a sigla SMT, é beeem mais fácil). Ele é é dividido em três looongas one-shots (shuahsuahus explicando a graça: One-shot na verdade significa uma história bem curta de um capítulo), a primeira que se chama Singularity (Singularidade, quando vocês leram vão ler essa palavra muitas vezes) e eu já comecei a escrever, posso dar uma prévia haha.
Ela é baseada na fanfic Unschärfe da autora Vick Weasley e na música Get Up do Barcelona. Essa fic, Unschärfe (que quer dizer embaçado em alemão) é bastante pesadinha, ela é rated M (Mature, no fanfiction.net que significa que não é recomendada para menores de 18 anos), possui cenas de sexo explícito, estupro e morte. E é ainda Dramione. Ta aí uma prévia grandinha de Singularity:


A angústia estava presa em seus olhos enquanto aquelas duas grandes amêndoas despejavam lágrimas solitárias procurando por ajuda. Eu estava ali, senhores. E eu não era capaz de fazer qualquer movimento para mudar a situação, não apenas pela dor na juntura de meus ossos e a ardência dos meus músculos, era porque eu era fraco. Fraco o suficiente para não abrir mão de meu orgulho por ela. Mas eu não o faria hoje ou amanhã. Não, senhores, chamem-me de covarde, mas eu simplesmente não o faria.

[...]

Preciso começar de onde tudo nos levou. Nos: Pronome pessoal oblíquo da primeira pessoa do plural. Plural. Talvez, essa poderia ser a palavra mais certa e a mais errada para definir o começo. Talvez, por sermos tão singulares que se nos juntássemos, o plural fizesse sentido afinal. E tudo porque obsessão, senhores, não é tão singular quanto aparenta.

[...]

Meu ódio por ela não era centrado por algo que ela fizera, sua inocência me enojava. Mas de algum modo, por alguns segundos – devo dizer –, meu desejo não foi de jogar uma nota de dez libras no balcão e sair. E então eu segui para mais uma das ações da qual me arrependi. Levantei-me, não com o intuito de ir, e meus, amaldiçoados sejam, pés seguiram até a mesa onde ela sentara. E isso foi um erro. Pois ao me colocar de frente a ela, quebrei toda a singularidade que tínhamos e que ela nunca iria notar em mim, pois ela era inocente demais para isto. Vi os poucos raios de sol iluminar seus cachos e ela não mencionou dizer nada, apenas insinuou um leve sorriso com o canto dos lábios.
So nevermind the darkness, we still can find a way... 'Cause nothing lasts forever... Even cold November Rain.