Instando Absolvição

Falemos da experiência ou da falta de tato e comiseração nas pequenas ambiências, moradias adiadas por um sentido obliterado dos termos, palavras vãs, cascatas, supremos gostos, validades, fulgores, risos de deuses bem dispostos, chuva, na maioria das vezes, apodrecendo os sentidos, mastigação do riso por cada um dos intervalos.

O Sentimento de Culpa, José Maria de Aguiar Carreiro

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28 de out. de 2010

Você acha que eu sou um pouco realista demais. Você acha que eu realmente não me importo. Sim, eu parei de me indagar faz um tempo. Mentira. Eu me indago a cada segundo do dia. E sabe o que? Sim, isso dói. Dói o fato que eu sei que tudo acaba quando eu morro. Dói o fato que ninguém nunca se importou ou vai se importar com você. Dói que a natureza é egoísta. Que a aparência é o mais importante. Que tudo é fruto da ciência. Que magia não existe. Que você tem que crescer. Que tudo vai se acabar. Que tudo é sua culpa. E apenas sua. Dói. Dói muito. Mas isso não deixa de ser a realidade.
E pense bem, doerá muito mais no final quando você descobrir o que é a realidade porque você acumula esperanças durante toda sua vida. Esperança? Essa é apenas uma palavra que determina ingenuidade. Eu quis muito ser ingênua. Dói que eu não possa ser. Dói que eu queira o melhor para mim mesma. Dói porque eu sei a verdade. Mas doeria muito mais se eu não soubesse.
Então eu não me importo quando você diz que precisamos de crenças para viver porque eu já sei que precisamos. Mas só para enquanto nós vivemos nós nos sentirmos acolhidos. Mas no final vai doer mais se você descobrir a verdade: nada dura para sempre.
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Review: (500) Days of Summer

26 de out. de 2010


Título: (500) Dias Com Ela / (500) Days of Summer

Ano: 2009

Direção: Marc Webb

Atores: Joseph Gordon-Levitt, Zooey Deschanel, Chloe
Moretz, Geoffrey Arend, Matthew Gray Gubler, Jennifer Hetrick, Minka Kelly

Censura: PG-13

Duração: 1h 35min


Eu acabei de assistir esse filme depois de muito tempo querendo assistir. Me disseram que era um filme chato e parado, mas mesmo assim eu ainda queria assistir. (500) Days of Summer fala sobre a paixonite que Tom Hansen (Joseph Gordon-Levitt) tem por Summer Finn (Zooey Deschanel). Ele é um cara que desistiu de ser arquiteto para ter uma vida medíocre como escritor de cartões congratulatórios e ela é a nova assistente do chefe dele.

Devo dizer que às vezes a história é sim cansativa, mas é boa. Summer só faz o que quer, odeia compromissos e é bem espontânea. E Tom fica fascinado por ela. É como um amor a primeira vista, Summer é a garota dos sonhos de qualquer um.

Mas então isso faz com que Hansen sofra já que quer muito mais que casualidade com Summer e assim é narrado os 500 dias que passou gostando dela. No começo é como um mar de rosas, mas o ínico bem diz e cenas de dias são aleatoriamente mostradas, esta não é uma história de amor.

É um bom filme e a atuação dos dois personagens principais é muito boa, além disso, o filme possui a participação da Chloe Moretz (a Hit Girl de Kick Ass) que tem pequenas participações como a irmã confidente de Tom, Rachel. E tem um soundtrack muito bom.

3 estrelas.

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Crenças

24 de out. de 2010

Não acredito em deus.
Não acredito no demônio.
Não acredito em primavera.
Nem em outono.

Não acredito em amor.
Não acredito em igualdade.
Não acredito em terror.
Não tenho medo de tempestade.

Não acredito em pessoas.
Não acredito na verdade.
E antes que me corrompa,
Não me diga que existe maldade.

Não acredito em alma.
Acredito em coração.
Apenas no que bomba sangue
E que se desintegrará em seu caixão.

Não acredito em beleza.
Não acredito na esperteza.
Não acredito em promessas.
Muito menos nesta.
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News

19 de out. de 2010

Hey! Então, o blog vai entrar em uma pequena reforma, mas só pra atualizar por semana passada e essa semana:


Escrita: - 9 Crimes: Cap. 2

- Ain't it fun? : Cap. 1

- Daughters: Cap. 1

- Konstantine: Fase de criação

- Ignorance: Cap.2

- Projeto sem-nome: Cap. 2

Leitura: Completas: Algumas fanfics que eu acabo de esquecer haha

Incompletas: A carne dos anjos (cap. 4), Cap. 15 de Hot Addiction (Atualização da autora)

Review: Trabalhando em algumas.


É isso.. =)
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14 de out. de 2010

Maryann emergiu de seu cochilo com o barulho irritante da chaleira vindo da cozinha. Esfregou os olhos xingando-os por arderem como o inferno (assim como a chaleira pelo barulho e a si mesma por não ter comprado um colírio). Abandonou seu sofá e sua coberta e aconchegou seus pés em suas pantufas rosadas. Ainda não havia se acostumado com o inverno inglês, porém o som da chuva batendo contra a janela e a imobilidade de seus membros era até que confortante.
Não colocou as luvas para pegar na chaleira e de certa forma gostou do contato de seus dedos congelados com o utensílio quente. Colocou o objeto morno rapidamente em cima da pia e nesse instante ouviu o barulho (ainda mais irritante que o da chaleira) da campainha. A loira deu uma olhada rápida para o relógio na parede e viu que já era tarde se indagando quem poderia ser. A campainha tocou mais uma vez e Maryann resolveu atendê-la. Arrastou as pantufas até a porta e limpou o olho mágico embaçado de onde aproximou seu pequeno olho avermelhado. Deparou-se com a imagem de seu melhor amigo bastante molhado.
─ Tom! ─ exclamou enquanto voltava a esfregar seus olhos ao abrir a porta.
─ Hey Mary. ─ ele disse, ou melhor, sussurrou cabisbaixo. Maryann nunca vira Tom daquele jeito, ele estava devastado e ela não conseguia ao menos ver seus olhos direito, eles encaravam alternadamente ela e o chão. ─ Posso entrar?
O jeito como ele perguntou não era como se ele fosse sua visita quase todo dia e ao mesmo tempo foi como se ele pedisse permissão para fazer daquele lugar o seu próprio lar. Seu par de olhos castanhos suplicava, mesmo sabendo que ele não precisava fazer aquilo para convencê-la, não era por aquele motivo.
─ Claro, entre. ─ ela finalmente pronunciou abrindo caminho para que ele entrasse no lugar pequeno e aconchegante. Maryann fechou a porta enquanto Tom andava em direção à sala de estar.
─ Desculpe se te acordei. ─ ele murmurou novamente enquanto se apoiava na única parede que dividia a sala de estar da cozinha onde a garota entrou.
─ Não, imagine. Estava fazendo chá. Aceita? ─ perguntou do outro cômodo e recebeu um som que parecia de afirmação. Thomas encarava todo o ambiente, estava confortável e esperava esquecer tudo o que precisava esquecer.
Pode ouvir o som das pantufas de Maryann voltando a seu encontro com duas canecas na mão. Ela apenas tomava xícara em canecas, talvez por isso qualquer um diria que não era inglesa, o que de fato era verdade. Mas Tom havia se acostumado com suas manias e até aderido algumas delas através da convivência.
─ Então, ─ ela falou, Tom podia perceber que ela havia acabado de acordar por sua voz, sabia que ela iria falar que não. ─ Você vai me contar o que houve primeiro ou vamos assistir Back to the Future logo?
O garoto sorriu brevemente de volta mostrando suas covinhas, aquelas terríveis covinhas que deixavam ele mais fofo do que já era naturalmente. Tomou um gole de chá de sua camomila. Maryann o entregou uma toalha para que se secasse antes de responder.
─ Eu não sei. ─ era difícil olhar nos olhos dela agora, ele não queria fazê-la se sentir mal porque sabia que isso acontecia toda vez que ele lhe contava algo. ─ Eu e a Gi terminamos.
Tom falou rapidamente tentando logo colocar pra fora o assunto.
─ É engraçado porque eu sabia que depois de todos esses anos eu ainda não estava preparado pra isso, mesmo sabendo que ia acontecer. ─ estavam os dois encostados na parede ─ E o pior é que eu nem sei o que estou sentindo em relação a isso. Às vezes é até alívio. Mas Gi é uma pessoa amável...
─ Sim, ela é. ─ a garota sabia o que vinha a seguir. Ouvira a conversa de Giovanna com Izzy no dia anterior e Tom não sabia, mas sua culpa estava preenchendo cada espaço dela mesma. Ela gostava de Gi, gostava mesmo.
─ Ela não pode ser nada mais entende?
Mary deixou o silêncio predominar e se aproximou de Tom enquanto tomava mais um gole de seu chá. Não tinha o que dizer.
─ Eu acho que eu que vou pedir para assistirmos Back to the Future agora.
Ele a abraçou forte e ela retribuiu enquanto sentaram no sofá ligando a TV da sala. Era apenas um sentimento confortável. Para ambos. Finalmente.

Foi meu sonho de ontem e hm, Tom Fletcher, check, Eu, check, Back to the Future, check, foi um ótimo sonho....
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Random conversation

─ Você não me importa já faz um tempo. ─ Ele disse calmamente. Talvez eles preferissem mesmo o silêncio, nenhum coração ferido ou concertado, pelo menos eles poderiam ter seguido em frente.
Talvez nenhum deles realmente se importasse um com o outro no final e aquela era apenas a sinceridade transformada em palavras e não em silêncio. Mas era visível, não na voz ou na falta dela, era visível em seus olhos perdidos no horizonte que aquilo tudo feria e não cicatrizava. Talvez nada mais importasse a não ser eles mesmos, porém se esse talvez fosse realidade eles não conseguiriam se manter em pé por muito tempo.
─ E quanto a mim?
A pergunta dele não era para sair óbvia ou automática, entretanto esse foi o exato sentido em que ela saiu. Eles tratavam aquela conversa como qualquer outra onde você pergunta se a pessoa está bem esperando que ela afirme que sim e lhe pergunte se estás bem também por educação e você automaticamente responde sim.
Logo, a única diferença entre o diálogo de ambos e o citado acima é o longo tempo que a resposta demorou a chegar porque por qualquer flash da cabeça dela, ela considerou que talvez ele ainda importasse algo. Talvez fosse apenas carência ou saudade ou a amizade, mas todas eram importâncias.
─ Não. Não mais.
E este era o fim da conversa.
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news news and news

13 de out. de 2010

Então, queridos leitores invisíveis, como vão vocês? Vim aqui anunciar uma novidade. Na verdade, são mudanças aqui no InAb (isso me lembra inabilidade haha bons tempos). Primeiro, eu mudei esse layout, peguei um no BlogSkins e eu achei realmente fofo. Bom, outra mudança é que aqui no blog vai ter meio que uma separação de assuntos variados:

Escrita: Bom, aí são meus textos, músicas, etc... Qualquer coisa feita por mim.
Reviews: Resenhas de livros que eu li, filmes que eu vi, álbuns que eu escutei, etc.
Inspirações: Alguns textos, imagens, músicas que me dão inspiração e que merecem ter um tempo reservados para se apreciar.
Indicações: Na maioria das vezes indicarei blogs, fanfics, etc... E talvez faça review deles também

Bom, acho que é isso... Eu acho que vou ter mais tempo pra escrever já que o ano tá acabando e como eu já passei de ano (só precisava de 20 míseros pontinhos conseguidos bimestres passados) vou poder vagabundiar (se escreve assim?) por aí, escrever, entrar pra minha aula de baixo, me inscrever na Super City e acho que só.

Um beijo e um queijo
(Nossa, que gay, anyway, bye)
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Singularity - Day Four

7 de out. de 2010

Ela adormeceu no meu lado até o quarto dia. Esse se seguiu como um intermédio para o quinto e último dia. Minha obsessão agora poderia ser sanada em pequenas doses de seu incômodo ao meu lado. Ela saiu do quarto pensando que eu não a tinha visto e eu saí por sua janela durante a madrugada. E eu apenas tornei a vê-la durante o crepúsculo na mesma cafeteria do primeiro dia.
Amélie não percebeu minha presença durante uma hora. Eu a encarava do lado de fora com meu cigarro na boca. As ruas não estavam cheias, isso tinha a ver com o anúncio do Parque de Diversões que se depositava em todos os postes e rádios que observei da casa dela até a cafeteria. Amável.
O silêncio se tornou agradável para mim, naquela cidade onde o movimento não era algo tão notável eu cresci em paz. Ou algo assim. Ao menos minha antiga casa tinha barulhos peculiares dos gritos dos meus pais. O que era totalmente diferente da casa dos Finigan, eles eram bastante quietos, durante minha estadia não ouvi sequer um barulho vindo dos outros andares. E eu tinha muitas dúvidas em relação à Amélie e sua família (que eu também não vi em minha estadia). Uma delas era se o homem que gritava com ela fazia parte.
Depois de alguns minutos, enquanto eu estava apoiado nas sombras de um poste que fazia parte da fachada da cafeteria onde eu podia observar toda ela e os clientes provavelmente não conseguiam me ver, eu avistei uma silhueta pequena abrir a porta.
O vento frio a obrigara a vestir aquele sobretudo e ela ficou parada alguns instantes até andar até a minha ainda mais fria sombra. Ela tremia de frio e ficou encarando meus olhos durante um bom tempo. Eu não fiz muitos movimentos além do que incluía levar o meu cigarro até a boca e depois de dar uma tragada, abaixar minha mão.
Depois de toda essa imobilidade ela se aproximou um passo e abriu a boca e logo a fechou novamente. Sem sair qualquer som dela, apenas pude ver uma fumaça de ar quente parecia com a que meu cigarro fazia.
“Isso vai lhe matar.” Ela falou em seguida. Eu esperava que algo mais produtivo saísse de sua boca.
“Isso o quê?”
Nós. Foi isso que esperava de sua boca e aposto que ela quase pronunciou essa palavra.
“O cigarro.” Amélie disse olhando enquanto eu o levava novamente até a boca ignorando seu comentário.
“Esse não é meu único vício.” Eu disse indiretamente enquanto deixava de encostar no poste e me aproximava até ficar do lado dela. “Se quiser ando com você até sua casa.”
Ela afirmou com a cabeça e me seguiu em direção à esquerda da cafeteria, em direção à sua casa.
“O que você fazia ali?” Ela disse e depois concertou para que não soasse óbvio “Além de alimentar seu vício?”
“Eu fui alimentar meu outro vício.” Falei e ela retraiu me olhando com o canto dos olhos e parando de andar. Já estávamos a uma quadra e meia da cafeteria e eu as contava para ver se não errava o caminho, tentando memorizar.
Eu vi a preocupação nos seus olhos depois que andei mais alguns passos e virei para trás para ver onde ela havia parado. Estávamos dois passos de distância um do outro. Toda aquela tensão estava a incomodando. Havia sido bastante rápido para nós aqueles últimos três dias. Até para nós. A singularidade de cada um de estava ferida por nossa aproximação. Ficamos perigosamente perto no dia anterior e fizemos algo que não cogitava em nossas cabeças. Passou de um beijo inocente. Fizemos o que eu faço com garotas nem um pouco inocentes. Eu quebrei a inocência que fazia parte de sua singularidade. Ela quebrou a indiferença que fazia parte da minha. E então estávamos ali, perdidos na bagunça que havíamos feito. Cara a cara.
“Eu não sei o que estamos fazendo, Hiver...” Ela se pronunciou. Sua face determinava medo. Medo do que poderia acontecer depois. No que eu faria para ela. “Até uns dias atrás nós simplesmente ignorávamos a existência um do outro. Eu acho que nós deveríamos simplesmente esquecer o que aconteceu.”
Eu não me mexi. Nem mesmo eu tinha consciência do que estávamos fazendo, apesar disso tudo parecer claro na primeira vez que eu me arrisquei a ouvir suas palavras.
“Diga para eu me afastar e eu me afastarei.” Eu quebrei os dois passos de distância e logo senti seus lábios conectados aos meus. Aquela sensação de prazer era como o meu cigarro. Ela era meu novo vício. O gosto era peculiar, mas o prazer era imensurável e viciante. Ela era meu vício e aquilo me mataria mais rápido que qualquer cigarro. Amélie Finigan havia arrancado toda minha singularidade, eu estava vazio, apenas com seu gosto ali me corroendo. E a dor era ótima.
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Singularity - Day Three

O terceiro dia se seguiu com eu sendo acordado por alguém enquanto tentava descobrir em qual lugar estava. Era ela. E por um momento eu pensei que não fosse realidade até sua voz doce me confortar.
“Estamos em minha casa.” Ela murmurou. “Você ficou tão exausto. Encontrei-te essa manhã no jardim e pedi para o jardineiro para me ajudar a trazê-lo para cá.”
Hm balbuciei enquanto esfregava os olhos e a encarava sentada na ponta da cama. Eu estava em seu quarto, presumi. “Obrigado, Finigan.”
“Chame-me de Amélie.” Ela falou e eu não sabia como aquele nome soava tão angelical de seus lábios que eu poderia recitar Shakespeare e ainda não expressaria a beleza de Amélie. “E, aliás, eu ainda lhe devo uma. Desculpe-me por ter sido grossa contigo outro dia eu apenas...”
Ela se calou ao perceber a insegurança em sua palavra, eu me coçava para perguntar para ela o que foi o ocorrido no dia anterior no estacionamento e ela percebeu isso e não lhe agradou muito.
“Se quiser pode ir, Hiver.”
“Não.” Eu disse e me esforcei para isso não soar rude, mas com ela e necessário mais que esforço, então apelei para a reparação. “Por favor, não me chame de Hiver. Se lhe chamarei de Amélie chame-me também por meu primeiro nome.”
Ok... Heinrich.” Ela falou hesitada. “Tenho uma pergunta.”
“Só a respondo se responder a minha e creio que não irá.” Falei, mas notei que a curiosidade dela era maior.
“Então esta será uma afirmação: Você está sendo legal comigo.”
Suspirei.
“Então aí está outra afirmação: Eu realmente acho que você está com algum problema e não quer me contar.”
“Como eu disse, você está sendo legal comigo. Você nunca foi legal comigo. Conheço pessoas inconstantes de vista.”
“E...”
“Pessoas inconstantes não são confiáveis.”
“Me sinto ofendido.” Eu disse. Essa era uma boa palavra para me descrever, vou adicionar ao meu currículo: inconstante. Quem sabe eu não arranjo um emprego em um circo?
“Você não se sente. Você é inconstante. Vai logo passar.” Ficamos em silêncio e a observei me analisando, não fiz menção em levantar, estava terrivelmente cansado e dolorido e sua cama era macia como sua pele e tinha seu cheiro singular.
"O constante é demasiado sem-graça."
“Mas você é orgulhoso...” Ela adicionou quando fechei os olhos para descansar as pálpebras. “Posso ver em teu olhar. Ele menciona você. E apenas você.”
E aquele jeito de se comunicar por um momento pareceu certo e coerente para nós, porém ela não deixava em qualquer momento de ser a garota pelo qual eu sentia ódio, aquela inocência que a cada momento que eu me aproximava parecia ser quebrada por meu desejo ostentoso de tocar seus lábios vermelhos, de apalpar sua pele de veludo.
Eu estava perigosamente perto, ela percebeu, não só fisicamente como emocionalmente. Ela havia mudado de estado, perdeu o conforto em sua própria cama, ao meu lado e esse desespero eu pude ver em seus olhos quando me aproximei.
Ela não se afastou, permaneceu intacta. E eu tentava procurar em seus olhos a razão de cada ação, cada movimento, cada palavra dela. De alguma forma ela não sentiu nenhum arrepio quando eu a toquei novamente e me aproximei de seus lábios.
Era caloroso, era doce, era rude, era desesperado, era desejável e inocente. O seu gosto era de singularidade, não havia outro gosto como aquele, não havia outro corpo que eu não desejasse manter deitado abaixo do meu. Que eu não desejasse beijar cada milímetro em meu desespero, com meu desejo de ter mais e mais daquele gosto, de quebrar sua inocência e torná-la impura. Pois eu pensei que isso me reconfortaria.
E reconfortou. Mas por apenas um momento.
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1973


Ouçam 1973 do James Blunt enquanto leem

Querida Simona,

50 anos. Um longo tempo a ser percorrido, mas por você parece ser tão fácil quanto fumar o último cigarro de seu maço. A pele, que por uma vez chegou a ser tão macia ao meu toque e sem sequer alguma imperfeição agora estava descuidada e mostrava cada marca por tudo que você havia passado. Ela refletia seu passado, por mais misterioso que ele seja para mim.
São poucos os momentos que você parece feliz agora, sequer sóbria. Os ossos fracos que os anos te tomaram tornam tudo mais difícil enquanto o peso de um trabalho, de uma família, causa em ti, há bons anos atrás o vestígio de uma vida era tão fraco e iluminado por sua juventude. Ah, Simona, eu me lembro mesmo que vagamente de como tudo acabou. E ficará pela minha memória pelos próximos 50 anos ainda.

Simona, you're getting older
Your journey's been etched on your skin
Simona, wish I had known that
What seemed so strong has been and gone

Anos dourados. Tão dourados que refletiam em seus olhos cor de topázio, reluzindo enquanto eu podia ver sua silhueta juvenil adentrando a porta. O sorriso que me era tão familiar enquanto você andava em seus passos lentos pela porta é uma memória que eu desejo não esquecer. Seu vestido cheio de lantejoulas deslizava pelo teu corpo enquanto você andava até mim. Éramos uma boa dupla não?
Aquilo já era rotina, mas aquele dia era ainda mais especial. 22 de fevereiro de 1973. Seu aniversário de 18 anos. Mas quem diria que algum dia você chegaria a isso? Diziam que você estava pré-destinada a morrer aos 17 de tanto dançar em uma pista de dança com uma vodca a mão e um maço de cigarros na outra. Parecia tão... Você.

I would call you up every Saturday night
And we'd both stay out 'till the morning light
And we sang, "Here we go again"
And though time goes by, I will always be
In a club with you in nineteen seventy three
Singing, "Here we go again"

E ainda lembro-me de tua voz, tão doce, suave que percorria todo o recinto como os sinos da igreja que avisavam sua chegada. E todos os olhares se reverenciavam para a bela moça que se mexia na pista de dança. E sua voz cantava cada trecho da música ao meu lado. Entre goles de vodca e risadas histéricas. Nós dávamos conta de tudo aquilo.
Eu a lembro cantando Ticket to ride, você venceria Paul, George, Ringo ou John em qualquer concurso de karaokê. E então você canta Lucy in the Sky with Diamonds jurando que daria o nome de sua filha de Lucy se não morresse antes de tê-la. Não sei se o fez. Aquela foi nossa última noite juntos.

Simona, wish I was sober
So I could see clearly now the rain has gone
Simona, I guess it's over
My memory plays out to the same old songs

Suas madeixas negras ressaltavam sua pele tão branca, seus lábios tão vermelhos e seus olhos tão brilhantes. Não desse negro ou desse branco ou desse vermelho ou desse topázio que você possui hoje. Todas essas cores que formavam a minha Simona agora eram apenas tonalidades de cinza. Aquelas roupas douradas como os anos que vivenciamos juntos agora eram o bege mais sem graça do cetim mais ordinário. Aquela voz que soava como sinos agora está rouca.
Você morreu por dentro. E eu não estive lá para vivenciar todos esses anos.

I would call you up every Saturday night
And we'd both stay out 'till the morning light
And we sang, "Here we go again"
And though time goes by, I will always be
In a club with you in nineteen seventy three
Singing, "Here we go again"

Você se pergunta ao menos o por quê? Você ainda se preocupa em se lembrar quem eu sou? Porque saiba que eu sempre me lembrei de você, em cada segundo da minha vida que não foi a única a não ascender ao auge. Eu tinha plena certeza que aquele não seria seu auge. Oh, Simona, como eu estava errado.
Eu me lembro do cheiro do seu perfume de framboesa que me fez pensar que era tão certo estar com você naquela noite. Eu estava errado, novamente. Ou você se atreve a dizer que não.

I would call you up every Saturday night
And we'd both stay out 'till the morning light
And we sang, "Here we go again"
And though time goes by, I will always be
In a club with you in nineteen seventy three
Singing, "Here we go again"

Não sei. Seres humanos são tão otimistas que isso acaba sendo um pessimismo da parte deles. Não me pergunte o por quê. Não quero estar errado novamente. Isso seria otimismo de minha parte? Ou talvez fosse pessimismo?
Não tenho a mínima idéia se isso chegará a você. Espero que sim porque, Simona, eu esperei minha vida toda para te dizer algo que eu nunca soube o que. E finalmente eu consegui resumir todo esse relato em uma frase:

I would call you up every Saturday night
And we'd both stay out 'till the morning light
And we sang, "Here we go again"
And though time goes by, I will always be
In a club with you in nineteen seventy three
Singing, "Here we go again"

Enquanto o tempo passar eu sempre estarei em uma boate com você em Mil Novecentos e Setenta e Sete.

James, o qual você um dia chamou de melhor amigo

And though time goes by, I will always be
In a club with you in
Nineteen
Seventy
Three
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Conversation

3 de out. de 2010

Olá.
Hey…
Você está bem?
Uhum...
Hum...
Você realmente só está aqui para me perguntar se eu estou bem?
Não.
Então por favor, seja rápida. Eu preciso de algum tempo para apreciar a solidão.
Eu tenho que dizer isso... Não foi sua culpa. Digo, nós dois não poderíamos imaginar o que tudo seria realmente. E eu quero que você me perdoe porque se não eu terei de fazer algo que eu realmente não quero.
O que?
Eu terei que te implorar.
Por que você não faz isso? Seria agradável. Não, espera, você não consegue ser agradável.
Nós realmente precisamos disso?
Sim, nós precisamos. Você sabe disso. Porque foi basicamente essa coisa de implorar desde o início.
Então você acha que esse é o nosso problema?
Eu não o vejo como nosso problema. É o meu. O seu problema é precisar disso. Então você vem aqui e me pergunta se eu estou bem quando eu nunca estou. E meu segundo problema é dizer que eu estou bem ou pensar que eu estou bem quando eu estou com você.
Então não é verdade?
... Eu não sei. Eu não sei nada agora. ... Você deveria ir.
Eu não quero.
Você está fazendo tudo isso de novo. Você está tentando ME fazer implorar.
Quem implora é o perdedor agora?
É o nosso círculo vicioso.
Eu te amo.
O quê?
Eu te amo. E se você quiser eu posso implorar para você dizer que também me ama.
E se eu não te amar?
Então eu posso implorar para que pelo menos você não se vá.
Você não me ama.
Por favor.
Você não me ama.
Eu estou implorando. ... O que você está fazendo?
Eu estou implorando também. Mas eu estou implorando ajoelhado porque é o único jeito que eu encontrei de você entender que eu te amo mais para continuar com esses jogos. Eu não devia. Eu devia me amar mais, mas eu tentei. E eu não consigo. Então por favor, destrua minha vida, leve meu coração contigo, me diga um milhão de vezes que me odeia e faça tudo novamente.
Por que eu faria isso?
Então eu vou te implorar para voltar e você vai finalmente me deixar, depois você estará cansada e desistirá. Então eu posso provar à mim mesmo que eu sou capaz de morrer infeliz. Porque agora eu estou apenas provando que não sou capaz de viver sem você.
Eu te odeio. Você me tornou uma pessoa melhor.
Não, eu te tornei uma pessoa, invulnerável a sentimentos alheios. Mate-me por isso com a pequena parte desumana que eu deixei dentro de você. Mate-me com seu amor.
So nevermind the darkness, we still can find a way... 'Cause nothing lasts forever... Even cold November Rain.