Instando Absolvição

Falemos da experiência ou da falta de tato e comiseração nas pequenas ambiências, moradias adiadas por um sentido obliterado dos termos, palavras vãs, cascatas, supremos gostos, validades, fulgores, risos de deuses bem dispostos, chuva, na maioria das vezes, apodrecendo os sentidos, mastigação do riso por cada um dos intervalos.

O Sentimento de Culpa, José Maria de Aguiar Carreiro

Hyperthermia

30 de ago. de 2010



"- Talvez você esteja com frio – ouvi a voz rouca de atrás de mim e pressionei fortemente meus olhos, a fim de orientar-me.
Ele alcançou-me o casaco e eu o vesti sem o fitá-lo. Voltei a me escorar na grade e observei imitar-me. Entretanto, o envelope em suas mãos chamou-me atenção. Inclinei-me em sua direção e observei o riso pendente sobre seus lábios em direção às fotos que mais cedo Sean havia me entregado.
- Não, não – falou sorridente e riu pelo nariz em seguida – Você é safadinha. E dizer que aquela noite eu deixei tudo isso escapar – ele falou segurando a foto e passando o polegar sobre minha imagem.
Me senti enjoada e cruzei os braços fortemente sobre meu corpo.
- Você é doente – eu disse com a voz fraca e riu.
- Eu? Tem certeza? A única doente aqui é você. Eu gostaria de não dizer-lhe todas essas coisas. Mas é simplesmente engraçado ver a forma como tenta fugir e acaba fazendo as coisas mais erradas ainda. Você se preocupa com as pessoas ao seu redor, mas a quem mais está machucando é você mesma – ele disse sério e eu observei o brilho carinhoso em seus olhos e senti saudade do calor de seu corpo e do sorriso singelo – Você é a doente aqui.
- Você não precisa jogar isso na minha cara, sabe – suspirei derrotada e senti o corpo de atrás do meu, à medida que suas mãos passavam por cima dos meus ombros.
- Para qualquer doença há um médico, – ele riu e eu me permiti sorrir enviesado, observando nosso turvo reflexo no rio por um longo instante, em silêncio.
- E você poderia me dar o diagnóstico, doutor? - eu falei algum tempo depois, abalada.
- Bem, eu tenho observado – ele disse e suas mãos entraram por dentro de meu sobretudo e acariciaram minha barriga por cima do vestido – Longe de mim, você é tão fria... Tão apagada. E perto, é como um raio de sol. Nós temos um problemão.
- Por que, Doutor?
- Extremos casos de temperatura. Longe de mim, hipotermia. Perto, hipertermia.
- Eu vou ter que lidar com uma das duas – disse, dando de ombros e sorriu contra a pele nua de meu pescoço.
- E qual você prefere?
- O calor. Sempre o calor – disse e me virei para grudar nossos lábios num beijo saudoso e ardente. Hipertérmico. "

***

Hyperthermia é uma das (senão a) minha fic preferida, então resolvi postar uma parte dela para vocês vale a pena ler. Mas lembrando que tem muuuuuitas cenas hm... inapropriadas para dizer nesse horário. Mas quem quiser (e tiver mais de 18 haha):
http://fanficobsession.com.br/fictions/hyperthermia.html
Obs: Ela é interativa.
Não é minha! Todos os direitos reservados a autora Ana Vedrod. E a capa também não fui eu que fiz.
E ah! Depois faço um edit com a resenha dela...

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So nevermind the darkness, we still can find a way... 'Cause nothing lasts forever... Even cold November Rain.